Rio, o teatro em movimentos

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Há um número bastante razoável de estudos sobre o teatro brasileiro. Porém, nos últimos 40 anos, o teatro carioca passou por mudanças radicais e abruptas que geraram uma transformação enorme na atividade em nosso país, e pouco ou quase nada se publicou sobre esse fenômeno. Gustavo Guenzburger, com seu provocante livro, preenche essa lacuna trazendo uma bela e inédita reflexão sobre esse rico e tempestuoso período vivido pelos trabalhadores que fazem existir o teatro do Rio de Janeiro. Na sua maior parte, a obra analisa o percurso do teatro carioca no período compreendido entre a decadência da ditadura militar na primeira metade da década de 80, passando por cinco ex-governadores presos por corrupção, dois presidentes impedidos de terminar seus mandatos e o ressurgimento de um movimento reacionário, moralista e conservador que levou a extrema direita ao poder no final da segunda década do século XXI. Um período bastante animado no qual o teatro não passou despercebido.

Gustavo ganha nossa atenção já no prólogo, onde traça um simpático e saudoso panorama dos grupos de teatro cariocas do final da década de 80, dando destaque ao Sarça de Horeb, grupo do qual foi fundador, produtor e ator, e que teve como um de seus maiores sucessos o espetáculo O mambembe, de Artur Azevedo. Esse belo texto, do início do século XX, é a ponte para uma pequena digressão do livro em que evoca a montagem de O mambembe em 1959 (com direção de Gianni Ratto e Fernanda Montenegro, Sergio Britto e Ítalo Rossi no elenco) como marco de uma parceria duradoura entre o teatro e a televisão.

Essa relação simbiótica entre o teatro carioca e a televisão, e as consequências geradas por essa interdependência, servem de base para muitas das análises e reflexões sobre estilo de interpretação, encenação, crise do sistema de bilheteria, mudanças de modo de produção, dependência de subvenção e de mecenato, políticas públicas e ativismo cultural.
Não consigo pensar em ninguém melhor que Gustavo Guenzburger – que é ator, diretor, produtor, iluminador, pesquisador, professor e ativista – para provocar discussões e pensamentos sobre esse movimento radicalmente transformador pelo qual passou o teatro carioca nesses últimos anos.

Das muitas frases e reflexões que me foram presenteadas por este livro, escolho uma para finalizar minhas considerações: “Gerações após gerações de atores continuarão praticando aquele jogo do faz de conta que, afinal e a despeito das constantes mudanças e ameaças, não corre o risco de desaparecer.”
Emílio de Mello

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