Luiz Costa Lima, um teórico nos trópicos

Luiz Costa Lima publicou o primeiro livro em 1966 e, após mais de meio século de produção contínua, soma trinta títulos de crítica e teoria da literatura, aos quais acrescenta duas curiosas novelas protagonizadas por sua cachorrinha Lully. Durante esse tempo, também acumulou uma quantidade razoável de polêmicas e ganhou fama de pensador hermético.

Esta coletânea demonstra que a principal causa das controvérsias é a radicalidade com que exige que produtores e analistas de literatura façam jus a um histórico de criação e reflexão que remonta à Antiguidade grega, atravessa a modernidade e chega ao presente. Os diálogos aqui enfeixados valem sobretudo pela capacidade de facilitar o acesso a uma das obras de cunho teórico mais consistentes do território nacional.

Os dois feitos se explicam pelas próprias condições de coleta da matéria-prima: 28 pesquisadores de diferentes instituições usaram o profundo conhecimento do trabalho de nosso autor para formular perguntas sobre cada um dos livros analítico-teóricos lançados até 2017. O tom descontraído das indagações se estendeu às respostas, oferecidas diante de plateias integradas principalmente por estudantes de graduação e pós-graduação – que as acompanharam com grande interesse.

Postura similar certamente adotará o leitor destas páginas, nas quais encontrará uma visão altamente esclarecedora das intuições e conceitos desenvolvidos pelo entrevistado ao longo das décadas, tendo como pano de fundo as buscas empreendidas no âmbito dos estudos literários em diferentes latitudes. Assim, perceberá quão fascinante é a teoria da literatura, da qual Luiz Costa Lima é um árduo defensor, além de seu maior expoente nos trópicos.