O mandato social que foi outorgado à psiquiatria na aurora da modernidade delineou uma linha divisória entre loucura e sanidade, pela qual a desrazão foi medicalizada e finalmente transformada em alienação mental. No caldo de cultura da Revolução Francesa enunciou-se a transitividade entre razão e desrazão, rompendo com a inflexibilidade presente na Idade Clássica, quando se conjugavam sempre no intransitivo. Esta mudança, que caucionava a crença num projeto terapêutico para a loucura, mostrou também a impossibilidade de reconhecimento desta em sua singularidade e diferença. Este livro se debruça sobre a filosofia de Nietzsche para propor uma transvalorização da ética e da política, com a finalidade de reconhecer não apenas a positividade da loucura como experiência, mas também de que maneira ela pode ser um remodelador de nossa cultura.