Este livro reúne artigos sobre casos representativos de diferentes modos de produção do teatro carioca contemporâneo. Isto não significa que todos os textos aqui reunidos falem diretamente sobre o assunto da produção ou da sobrevivência no teatro. A partir de suas experiências artísticas ou pesquisas acadêmicas, os autores convidados foram incentivados a escrever sobre um artista, um coletivo, uma rede, procurando aliar uma discussão sobre políticas à análise de poéticas do fazer teatral. Assim, o olhar sobre os diversos modos de produção aparece no livro invariavelmente ligado a reflexões sobre projetos artísticos específicos.
Muitas cenas cariocas ressignificam a cidade em recriações estéticas e historiográficas de grupos sociais, revoltas, gêneros teatrais, territórios, ancestralidades, formas narrativas, identidades, entre muitas outras. Nesse trabalho de ressignificação de uma cidade despedaçada, sobressaem vozes e cenas negras, periféricas, ameríndias, oprimidas, faveladas, excluídas, censuradas, torturadas, exiladas, desaparecidas, LGBTQIA+. Ao constituírem a expressão mais radical de uma renovação das linguagens e das formas de relação com o público, posicionam-se no front da luta contra um sistema de aniquilamento da arte e da cultura. Embora atacada pelo momento ideológico, a potência política subversiva do teatro aparece viva nas páginas que se seguem, mosaico de uma cena múltipla, rica e diversa.