Imigração judaica no Rio de Janeiro

Em entrevista sobre seu livro Poucos e Muitos: a comunidade judaica e seus desviantes na cidade do Rio de Janeiro (1850-1920), Henrique Samet – historiador e professor da UFRJ – relata suas pesquisas em bibliotecas e arquivos para recolher o vastíssimo material inédito que compilou em sua extensa obra (620 páginas), que é talvez o maior estudo sobre a imigração judaica na cidade.

Nela, Samet, que aponta vestígios do fenômeno desde a época da Independência, descreve uma rica vida comunitária que criou instituições civis, culturais e religiosas, viveu conflitos e disputas internas, construiu cemitérios e templos, e até cultivou o teatro em língua ídiche.

Comenta também na entrevista um ponto relevante no livro: a presença, durante muitas décadas, de um forte contingente de prostitutas e cáftens entre os imigrantes judeus – motivo de polêmicas e questionamentos através da história. Para Samet, não existe algo assim como uma “unidade judaica” ou um “pensamento” judaico: como qualquer povo,a comunidade judaica é é plural, contraditória e tem desviantes. Como podemos ler em Poucos e muitos.